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Futebol



A primeira vitória sobre a Dupla Gre-nal

Desde que começou a participar do Gauchão, o Glória sempre realizou jogos emocionantes contra a dupla Gre-Nal. Na estréia dos confrontos oficiais, contra o Inter, no Beira-Rio, em 1989, teve uma atuação estupenda, só não vencendo devido aos erros de arbitragem. No mesmo ano, no duelo conhecido como “A Guerra de Vacaria”, o Grêmio suportou a pressão do Altos da Glória para vencer por 2 a 1. Nos campeonatos seguintes, embora sempre endurecendo o jogo, principalmente em seus domínios, a vitória nunca sorriu à equipe. Mas, um dia, tudo seria diferente...


Verdade que o jogo merecia bem mais do que os 2.423 pagantes que compareceram ao “Alçapão da Militar” para assistir à partida contra o Internacional, mas quem já enfrentou uma noite com a temperatura próxima a zero grau sabe que não é para qualquer um. Foi assim naquele dois de junho de 1993, mas os que encararam as frias arquibancadas do Altos da Glória foram amplamente recompensados. Privilegiados, testemunharam a queda de um tabu: pela primeira vez, o Glória derrotava uma equipe da dupla Gre-Nal!


Noite fria, jogo quente: antes de completado um minuto, Demétrios, atacante colorado, já estava fora de campo, fruto de uma pancada no joelho. O ambiente era bastante nervoso: o árbitro tinha dificuldade em conter a virilidade de ambas as equipes, distribuindo vários cartões amarelos. Violência à parte, o Glória dominava, buscando sua classificação à fase seguinte do campeonato, enquanto o Internacional defendia a invencibilidade na competição.


Mesmo com o “Leão” jogando melhor, o visitante abriu o marcador. Aos 41 minutos, Pinga escorou o cruzamento de Daniel Franco, vencendo o goleiro Carlos. A história de azares contra os clubes da capital parecia ter um novo capítulo. Para completar, a arbitragem, sempre tão madrasta, novamente prejudicava o Glória. Aos 44 minutos, Flavinho chuta forte contra o gol e Daniel Franco corta com a mão, dentro da área. O árbitro interpretou o lance como “bola na mão”, provocando a revolta de jogadores e de dirigentes, que invadiram o gramado para reclamar. Logo depois, encerrava-se o primeiro tempo.


A partida recomeçou com o Glória novamente mostrando melhor futebol, enquanto o Inter parecia sofrer muito com o frio. Aos 7 minutos, falta em favor do time da casa. Uana, o “Operário-padrão”, cobrou. A bola quicou e enganou o experiente “Gato” Fernandez. Era o empate. Nas arquibancadas, os torcedores vibravam como nunca, parecendo sentir a virada iminente.


A partir do gol de Uana, a torcida passou a participar do jogo, esquecendo a temperatura gelada e empurrando o time para a vitória. Pressionando o adversário em seu próprio campo, o “Leão” logo obteve outro tento, desta vez em pênalti que Antônio Howes marcou, com Daniel Franco novamente interceptando a bola com a mão dentro da área. Para cobrar, Zé Cláudio, o mesmo atacante que o Internacional havia dispensado anos antes. Especialista, não teve dificuldade em vencer Fernandez e decretar que, a partir daquele momento – dezesseis da segunda etapa –, time nenhum, por maior que fosse, estava imune à força do Glória!


Nervoso, o Inter tentava reagir, mas Vladimir e Toni afastavam o perigo da área. Aos 29 minutos, Pinga perde a bola para Uana e este serve o goleador de todas as horas, Zé Cláudio, que não perdoou: 3 a 1, e fechava-se o caixão colorado! A vitória que havia escapado em outras oportunidades era, agora, mais do que nunca, do time de Vacaria! No ano seguinte, seria a vez do Grêmio ser derrotado, também no Altos da Glória. Em 1996, o Inter seria novamente batido, provocando a queda do então técnico Pedro Rocha. Mas, aquela noite gelada de junho de 1993, ah, aquela, não tem como ser apagada da memória... Afinal, a primeira vez a gente nunca esquece!


Ficha Técnica

Glória: Carlos; Flavinho, Vladimir, Toni e Celso; Carlos Eduardo, Géverton, Uana e Siegel (Sassia); Donizetti e Zé Cláudio. Técnico: Beto Almeida.


Internacional: Fernandez, Célio Lino, Júnior, Pinga (Jandir) e Daniel Franco; Ricardo, Marquinhos e Caíco; Rudinei, Demétrios e Zinho (Maurício). Técnico: Ênio Andrade.


Arbitragem: Antônio Howes, com Dênis Alves e Marco Serpa.
Cartões amarelos: Ricardo, Demétrios, Caíco, Siegel e Vladimir.
Cartões vermelhos: Marquinhos e Flavinho.
Renda e público: Cr$ 120.150.000,00, com 2.423 pagantes.
Local: estádio Altos da Glória, em Vacaria.



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